Onde
há poesia, estou presente. No passado dia 1 de novembro, a Nonô e a AnaLua Zoe
foram convidadas pela poetisa Vanessa Oliveira para integrar uma performance de
arte participativa e comunitária em celebração e memória no Dia dos Finados,
onde a poesia brotava como uma respiração profunda. As três poetisas tiveram um
papel significativo tanto na performance em si como na Assembleia
Participativa, onde a arte se fez voz e reflexão.
Nos
dias 27 e 30 de outubro, durante a tarde, realizámos ensaios e preparações para
este evento, e no dia 1 de novembro chegou o momento do espetáculo. Apesar de
São Pedro não colaborar e brindar-nos com uma forte chuvada, o evento decorreu
com a normalidade possível e revelou-se vibrante e inspirador.
Ainda não tenho o vídeo da nossa leitura de poemas, mas deixo aqui um conjunto de imagens e alguns vídeos para que possam ter um vislumbre do que foi esta experiência.
Montagem de Fotos Vertical Mensagens Simples Verde de Leonor CostaPartilho também o poema que escrevi propositadamente para este evento, um reflexo das inquietações que o mundo de hoje nos impõe.
O Mundo
Assusta-me
O mundo
assusta-me, ao ligar a televisão,
uma
mulher em França, sem salvação,
cinquenta
homens, desumanidade total,
deixando
a nossa alma em dor mortal.
Líderes
falam, mas falta-lhes clareza —
Trump
ridiculariza Kamala, na sua frieza,
como se
o valor dela fosse mero detalhe,
num riso
vazio que nos espanta e falha.
Enquanto
isso, Didy em festas de luxo abusa,
e há
quem durma ao relento, sem uma escusa.
Cá, o
Chega grita, divide e confunde,
como se
a solidariedade se desfaça ou afunde.
No
Telegram, exibem sexo sem pudor,
perde-se
a fronteira entre o respeito e o amor.
Excessos
de liberdade, Sodoma moderna,
onde a
vergonha se torna fria e eterna.
E por cá
dentro, a crise da habitação,
tantos
sem teto dormindo no chão.
Prometem-nos
casas, mas só cresce o sofrer,
e o teto
é um luxo que muitos não vão ter.
A
violência ronda, um espectro constante,
meninas
temem, mulheres seguem adiante,
presas
num mundo de sombras e dor,
onde a
igualdade é sonho e ardor
Nos
hospitais, as filas destroem a fé,
doentes
aguardam, esperança já é
um eco
distante que o governo esqueceu,
como
promessas vazias que o vento comeu.
Mas,
mesmo assim, quero crer, quero ver,
que o
mundo pode e deve renascer.
Se o
medo nos afronta e nos cala a voz,
a
esperança é chama que arde em nós.
Esta
foi a minha primeira participação numa iniciativa deste género, e fiquei
profundamente impressionada com o empenho de todos, especialmente com o grupo
da Casa de Saúde do Telhal. Que hajam mais eventos como este, onde a arte e a
comunidade se encontram e transformam.
Até à próxima sexta-feira, despeço-me com o nosso habitual cumprimento: Beijos Poéticos