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Cancro da Mama na 1.ª pessoa!
No
dia 27 de fevereiro de 2017, fui a uma consulta de senologia, onde recebi a
notícia de que tinha um cancro de mama agressivo, um triplo negativo com KI-67
positivo em quase 100% das células neoplásicas (Mama Direita – BI RADS 6),
in situ.
Eu
já era seguida por um Senologista (médico da mama) desde 2014, quando fui
operada ao peito esquerdo para remover um caroço benigno.
Fazia,
desde então, anualmente ressonâncias magnéticas. No final da última ressonância
foi-me pedido para aguardar porque a médica queria falar comigo. No dia
seguinte fui fazer uma biópsia para no fim obter o prognóstico acima descrito.
De
um momento para outro o meu mundo desabou. Parece uma frase cliché, mas é
literalmente aquilo que se sente quando se recebe, cara a cara, uma notícia
como esta.
Estava
prestes a conseguir ir morar para o apartamento que tinha comprado no verão
anterior e, finalmente, a conseguir trabalhar para a Biblioteca Nacional de
Portugal, algo que ansiava há muito tempo.
Ouço
então que ia ser submetida a uma mastectomia, ia ser operada, fazer quimioterapia
e radioterapia, perder o cabelo e não sabia se ia sobreviver. Que podia usar
lenços, ou peruca. A certa altura já nem conseguia ouvir metade do que me diziam.
Ao
meu lado, na consulta, para além do médico, estava comigo a minha mãe, ambas
desabamos num pranto.
Felizmente,
não tive de fazer mastectomia. Remoção do gânglio sentinela e uma tumorectomia (remoção do tumor), seguidas de quimioterapia e radioterapia, muitas injeções
na barriga, mezinhas, cuidados da família, fé e uma boa dose de resiliência,
foram suficientes para travar o sacaninha.
O
meu oncologista disse que o meu cancro era muito grave e agressivo e que nunca
tinha visto um caso com KI-67 em quase 100% das células neoplásicas. Penso que
esta afirmação era um alerta para eu tomar consciência da gravidade da
situação. Respondi então, com o meu habitual senso de humor, isso é porque o
senhor nunca conheceu uma pioneira.
O
meu caso não podia ser fácil. A minha história de vida está repleta de conquistas
e provações de grandes dimensões. Ou é em grande, ou nem vale a pena.
Foi
um ano muito difícil. Morri, para nascer novamente. Aliás, para mim a.C. e d.C.,
significam a vida antes e depois do cancro.
Cinco
anos depois, consigo falar normalmente deste assunto. Vou aprofundar melhor esta
ideia, no dia 28 de outubro de 2022, aqui no blogue.
Tudo
em mim e na minha vida mudou completamente. As minhas prioridades são outras,
assim como o meu estilo de vida e forma de pensar.
Consegui
ir morar para o meu apartamento em fevereiro de 2018, ou seja, 1 ano depois do
previsto. E apesar de ter conseguido progredir profissionalmente e tornar-me
Técnica Superior, não conseguir ir trabalhar para a Biblioteca Nacional,
contudo, tive a honra de ver os meus livros serem inscritos nos catálogos da
referida Biblioteca.
Continuo
a ser seguida por um Oncologista e um Senologista, algo que posso considerar um
privilégio. Recuso-me a ter medo de morrer, pois sei que tenho é de viver o
melhor que consigo e aproveitar cada momento da melhor forma.
Conto
aqui a minha história, pois estamos no mês do “Outubro Rosa” e bem sei que o
meu testemunho pode ser muito útil para quem está a passar pela doença, para
quem passou por ela e para as famílias que sofrem tanto ou mais que o doente
(os cuidadores).
Deixo
aqui alguns links para poemas que escrevi quando estava a travar a minha luta:
18/07/2017 Os traços que definem o meu rosto
4/10/2017 A verdade sobre o cancro
9/10/2017 Quando eu morrer
14/11/2017 Corpo Nu
Escolhi
apenas cinco poemas, há, no blogue, muitos mais, desde a data do meu diagnóstico
e ao longo do ano de 2017.
Para quem quiser entrar em contacto
comigo, deixo aqui o meu e-mail: poesiasdanono@gmail.com
Regresso com um novo artigo aqui no blogue Poesias da Nonô na próxima sexta-feira, disponível a partir das 6h00 da manhã, espero poder contar contigo. Até lá estarei diariamente nas redes sociais Facebook, Instagram, Twitter e Pinterest, já que inspirar pessoas é a minha missão!
Às sextas-feiras costumo também atualizar com vídeos o YouTube, o TikTok e com um “podcast” áudio no Anchor
do Spotify.
Se este artigo foi útil ou inspirador de alguma forma, agradeço a
partilha para que mais pessoas se possam inspirar.
Despeço-me com o nosso habitual cumprimento “adeeeuss”!
M.ª Leonor Costa (Poesias
da Nonô)
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