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Este poema não é meu
“A Recusa do Amor”
Filipa Leal (nascida em 1979)
Não temos uma
arma apontada à cabeça,
dizias-me. Mas
era impossível que não visses,
impossível. Eu
ao teu lado com aquela dor
no pescoço,
imóvel, cuidadosa, o cano frio
na minha
testa, a vida a estoirar-me
a qualquer
momento. Era impossível que não visses
o revólver que
levava sempre comigo. Por isso dormia
virada para o
outro lado, não era por me dar mais jeito
aquele lado,
era por me dar mais jeito
não morrer
quando nos víamos,
era para dormir
contigo só mais esta vez,
sempre só mais
esta vez,
sempre com o
meu amor a virar-se de costas,
sempre com o
teu amor apontado à cabeça.
Diálogo
entre Poemas
“Amor Bandido”
Nonô (nascida em 1975)
Podemos sempre escolher qual o caminho que queremos
percorrer. Mas essa escolha não é fácil de fazer. Não
importa o que os outros vejam. No fim é nossa a decisão.
Vamos sentir dores no corpo, até pararmos de sentir o que
quer que seja. Vai doer no peito, na barriga e na cabeça,
mas é na alma que o registo da dor se torna mais profundo.
À nossa volta muitos notam. A dor revela-se na fisiologia,
nos pensamentos e nas nossas ações. Um amor não
correspondido pode se tornar numa série de encontros
superficiais, que no fim magoam, muito mais do que a
rutura. Só mais uma vez é assim a nossa falta de coragem
para deixar para trás, o que só mal nos faz. Uma e outra
vez só aumenta as marcas do problema vivido. Na nossa
descoberta do Eu, quem nunca viveu um amor bandido?
Mem-Martins (minha secretária), sexta-feira,22 de janeiro de 2021, 6h36
Nonô (M.ª Leonor Costa)
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