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Este poema não é meu
Tragam-me
um homem que me levante com os olhos
Claúdia Sampaio (nascida em 1981)
Tragam-me um homem que me levante
com os olhos
que em mim deposite o fim da tragédia
com a graça de um balão acabado de encher
tragam-me um homem que venha em baldes,
solto e líquido para se misturar em mim
com a fé nupcial de rapaz prometido a despir-se
leve, leve, um principiante de pássaro
tragam-me um homem que me ame em círculos
que me ame em medos, que me ame em risos
que me ame em autocarros de roda no precipício
e me devolva as olheiras em gratidão de
estarmos vivos
um homem homem, um homem criança
um homem mulher
um homem florido de noites nos cabelos
um homem aquático em lume e inteiro
um homem casa, um homem inverno
um homem com boca de crepúsculo inclinado
de coração prefácio à espera de ser escrito
tragam-me um homem que me queira em mim
que eu erga em hemisférios e espalhe e cante
um homem mundo onde me possa perder
e que dedo a dedo me tire as farpas dos olhos
atirando-me à ilusão de sermos duas
novíssimas nuvens em pé.
Diálogo entre Poemas
Vou
encontrar um homem que me levante com a alma
Nonô (nascida em 1975)
Vou encontrar um homem que me levante
com a alma
que me transmita inteira confiança
com um espírito livre como um balão
de ar quente
Vou encontrar homem que chega
de repente,
Inteiro e completo para se juntar
a mim
com a capacidade de se
entregar
simples, simples, um pássaro
que queira comigo voar
Vou encontrar um homem que me
ame sem triângulos
que sem medos se entregue, que
me desfaça em gargalhadas
sem medo de me assumir aqui e
em qualquer lugar
e que as olheiras que eu tenha,
sejam de inspiração
e de viver com paixão
um homem com as suas diferentes
cargas energéticas
um homem verdadeiro na sua
essência
um homem romântico
um homem um amante com
frequência
um homem sonhador, um homem criador
um homem com corpo e alma
com uma força e coração de
vencedor
Vou encontrar um homem que só me
queira a mim
que eu erga à esfera do
universo
um homem completo que nada me
faça temer
que
surja para lá das linhas deste verso
que paulatinamente me retire
todas as camadas
para comigo, viver e crescer.
Mem-Martins, sexta-feira, 12 de fevereiro de 2021, 06h34
Nonô (M.ª Leonor Costa)
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