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O Amor é assim
Vê para lá do belo
Constrói um belo castelo
Regado como um jardim
Floresce sem fim
Junta subitamente duas vidas
Tristes memórias ficam esquecidas
Por vezes confuso
Encaixa como uma porca e um parafuso
Acontece, não se procura.
Comboio (Túnel do Rossio)
Poema manuscrito,
4 de março de 2019
17h04
***
Assim
o Amor
Assim o amor
Espantado meu olhar com teus cabelos
Espantado meu olhar com teus cavalos
E grandes praias fluidas avenidas
Tardes que oscilam demoradas
E um confuso rumor de obscuras vidas
E o tempo sentado no limiar dos campos
Com seu fuso sua faca e seus novelos
Em vão busquei eterna luz precisa
Sophia de
Mello Breyner Andresen, in “Obra Poética”
***
Love is like that (Nonô)
Love is like that
Love is like that
Beyond the beautiful
Builds a beautiful castle
Watered as a garden
Blooms endlessly
Joins two lives suddenly
Sad memories are forgotten
Sometimes confusing
Fits like a nut and a screw
It happens, it is not sought.
Train (Rossio Tunnel)
Handwritten poem,
March 4, 2019
5:04 p.m.
***
So the
love
So the love
Amazed my look with your hair
Amazed my look with your
horses
And great beaches flowing
avenues
Delayed late swings
And a confused rumor of dark
lives
And the time sitting at the
edge of the fields
With your spindle your knife
and your balls
In vain I seek eternal light
need
Sophia de Mello Breyner Andresen, in "Poetic
Work"
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