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Ser poeta é
ter visão ampla
Compreensão sobre
os acontecimentos
Analisar tudo
à distância
Passar a
escrito tormentos.
Escrever sobre
alegrias e tristezas
Parar para
registar as liberdades do pensamento
Inspirado a
qualquer hora do dia
Na agrura e no
contentamento.
Brincar com as
palavras sem pudor
Utiliza-las nos
seus diferentes sentidos
Combinar com empenho
e amor.
É expressar ideias
livremente
Nas
entrelinhas gritos desprendidos
Só é poeta
quem sente.
Lisboa
Poema manuscrito,
24 de janeiro de 2019
13h30
***
Ser Poeta
Ser poeta é ser mais alto, é
ser maior
Do que os homens! Morder como
quem beija!
É ser mendigo e dar como quem
seja
Rei do Reino de Aquém e de
Além Dor!
É ter de mil desejos o
esplendor
E não saber sequer que se
deseja!
É ter cá dentro um astro que
flameja,
É ter garras e asas de condor!
É ter fome, é ter sede de
Infinito!
Por elmo, as manhãs de oiro e
cetim…
É condensar o mundo num só
grito!
E é amar-te, assim,
perdidamente…
É seres alma e sangue e vida
em mim
E dizê-lo cantando a toda a
gente!
(Florbela Espanca, «Charneca em Flor», in
«Poesia Completa»)
***
Being a poet is having broad
vision
Understanding events
Analyze everything in the
distance
Turn to written torments.
Write about joys and sorrows
Stop to register the freedoms
of thought
Inspired at any time of the
day
In hardship and contentment.
Playing with words without
shame
Use them in your different
senses
Combine with commitment and
love.
It is expressing ideas freely
Between the lines screams
detached
It is only poet who feels.
Lisbon
Handwritten poem,
January 24, 2019
1:30 p.m.
***
To be a poet
To be a poet is to be higher,
to be greater
Than men! Bite like who kisses
It is to be a beggar and give
as who
King of the Kingdom of Above
and Beyond Pain!
It is to have a thousand
desires the splendor
And not even know what you
want!
It is to have inside a star
that flames,
Is to have condor claws and
wings!
It is to hunger, to thirst for
Infinity!
By the way, the mornings of
gold and satin ...
It is to condense the world
into one cry!
And it is to love you, thus,
hopelessly ...
It is beings soul and blood
and life in me
And say it by singing to
everyone!
(Florbela Espanca, «Heath in Bloom», in «Complete Poetry»)