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Quando vier a
primavera
As flores vão
desabrochar
As roupas de
inverno serão guardadas
Os corpos vão
se desnudar.
O frio dará
lugar ao calor
As temperaturas
vão com certeza subir
Ainda não será
verão
Os rostos vão
facilmente sorrir.
Quando vier a primavera
As aves
migratórias vão regressar
Muitos animais
vão parir
A natureza
vai-se renovar.
A esperança
chega mais rápido
Os dias mais
longos se tornam
É durante esta
estação
Que os campos
se transformam.
Todos os anos
ela chega
Com a sua
força de renovação
As
temperaturas começam a aumentar
Eclodindo a
transformação.
Biblioteca Municipal de
Sintra
Poema manuscrito,
25 de setembro de 2018
16h30
***
Alberto Caeiro (Heterónimo
de Fernando Pessoa)
Quando vier a Primavera
Quando vier a Primavera,
Se eu já estiver morto,
As flores florirão da mesma
maneira
E as árvores não serão menos
verdes que na Primavera passada.
A realidade não precisa de
mim.
Sinto uma alegria enorme
Ao pensar que a minha morte
não tem importância nenhuma.
Se soubesse que amanhã morria
E a Primavera era depois de
amanhã,
Morreria contente, porque ela
era depois de amanhã.
Se esse é o seu tempo, quando
havia ela de vir senão no seu tempo?
Gosto que tudo seja real e que
tudo esteja certo;
E gosto porque assim seria,
mesmo que eu não gostasse.
Por isso, se morrer agora,
morro contente,
Porque tudo é real e tudo está
certo.
Podem rezar latim sobre o meu
caixão, se quiserem.
Se quiserem, podem dançar e
cantar à roda dele.
Não tenho preferências para
quando já não puder ter preferências.
O que for, quando for, é que
será o que é.
***
When spring comes
The flowers will bloom
Winter clothes will be stored
The bodies are going to
undress.
The cold will give way to the
heat
The temperatures are sure to
go up
It will not be summer yet
Faces will easily smile.
When spring comes
Migratory birds will return
Many animals will give birth
Nature will renew itself.
Hope comes faster
The longer days become
It is during this season
That the fields are
transformed.
Every year she arrives
With its renewal force
Temperatures begin to rise
Breaking the transformation.
Sintra Municipal Library
Handwritten poem,
September 25, 2018
4:30 p.m.
***
Alberto Caeiro (heteronym of
Fernando Pessoa)
When spring
comes
When spring comes,
If I'm already dead,
The flowers will bloom in the
same way.
And the trees will be no less
green than last spring.
Reality does not need me.
I feel a huge joy
Thinking that my death is of
no importance.
If I knew tomorrow would die
And spring was the day after
tomorrow,
I would die happy because she
was the day after tomorrow.
If this is your time, when was
it to come but in your time?
I like everything to be real
and everything is right;
And I like it because it
would, even if I did not like it.
Therefore, if I die now, I die
happy,
Because everything is real and
everything is right.
You can pray Latin about my
coffin, if you like.
If you like, you can dance and
sing around him.
I have no preferences for when
I can no longer have preferences.
Whatever, when it is, it will
be what it is.
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