Bem-vindo(a) ao projeto criativo de Cultura, Artes e Letras, Poemas, Quadras, Haikus, Contos e Escritas da autoria da Poetisa Nonô / Welcome to the creative project of Culture, Arts of Poems, Quatrains, Haikus, Short Stories and Writings by the Poetess Nonô (Alter ego de / of: M. ª Leonor Costa)

Quem sou eu / Who am I

Traduzir / Translate

Pesquisar neste blogue

sexta-feira, 18 de janeiro de 2019

Diálogo entre poemas / Dialogue between poems: Quando vier a primavera / When spring comes – Alberto Caeiro

When spring comes
Imagem retirada da Internet e manipulada com/ Image taken from the Internet and manipulated with: https://photomania.net/editor

Quando vier a primavera

As flores vão desabrochar
As roupas de inverno serão guardadas
Os corpos vão se desnudar.

O frio dará lugar ao calor
As temperaturas vão com certeza subir
Ainda não será verão
Os rostos vão facilmente sorrir.

Quando vier a primavera
As aves migratórias vão regressar
Muitos animais vão parir
A natureza vai-se renovar.

A esperança chega mais rápido
Os dias mais longos se tornam
É durante esta estação
Que os campos se transformam.

Todos os anos ela chega
Com a sua força de renovação
As temperaturas começam a aumentar
Eclodindo a transformação.

Biblioteca Municipal de Sintra
Poema manuscrito,
25 de setembro de 2018
16h30
***
Alberto Caeiro (Heterónimo de Fernando Pessoa)

Quando vier a Primavera


Quando vier a Primavera,
Se eu já estiver morto,
As flores florirão da mesma maneira
E as árvores não serão menos verdes que na Primavera passada.
A realidade não precisa de mim.
Sinto uma alegria enorme
Ao pensar que a minha morte não tem importância nenhuma.
Se soubesse que amanhã morria
E a Primavera era depois de amanhã,
Morreria contente, porque ela era depois de amanhã.
Se esse é o seu tempo, quando havia ela de vir senão no seu tempo?
Gosto que tudo seja real e que tudo esteja certo;
E gosto porque assim seria, mesmo que eu não gostasse.
Por isso, se morrer agora, morro contente,
Porque tudo é real e tudo está certo.
Podem rezar latim sobre o meu caixão, se quiserem.
Se quiserem, podem dançar e cantar à roda dele.
Não tenho preferências para quando já não puder ter preferências.
O que for, quando for, é que será o que é.

***
When spring comes
The flowers will bloom
Winter clothes will be stored
The bodies are going to undress.

The cold will give way to the heat
The temperatures are sure to go up
It will not be summer yet
Faces will easily smile.

When spring comes
Migratory birds will return
Many animals will give birth
Nature will renew itself.

Hope comes faster
The longer days become
It is during this season
That the fields are transformed.

Every year she arrives
With its renewal force
Temperatures begin to rise
Breaking the transformation.

Sintra Municipal Library
Handwritten poem,
September 25, 2018
4:30 p.m.

***
Alberto Caeiro (heteronym of Fernando Pessoa)

When spring comes

When spring comes,
If I'm already dead,
The flowers will bloom in the same way.
And the trees will be no less green than last spring.
Reality does not need me.
I feel a huge joy
Thinking that my death is of no importance.
If I knew tomorrow would die
And spring was the day after tomorrow,
I would die happy because she was the day after tomorrow.
If this is your time, when was it to come but in your time?
I like everything to be real and everything is right;
And I like it because it would, even if I did not like it.
Therefore, if I die now, I die happy,
Because everything is real and everything is right.
You can pray Latin about my coffin, if you like.
If you like, you can dance and sing around him.
I have no preferences for when I can no longer have preferences.
Whatever, when it is, it will be what it is.


Sem comentários:

Enviar um comentário

Contactar com a Nonô / Get in touch with Nonô

Nome

Email *

Mensagem *

Anchor Spotify

Arquivo Do Blogue / Blog Archive