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sexta-feira, 25 de janeiro de 2019

Diálogo entre poemas / Dialogue between poems: Ser Poeta / To be a poet – Florbela Espanca


Florbela Espanca
Imagem retirada da Internet / Image taken from the Internet


Ser poeta é ter visão ampla
Compreensão sobre os acontecimentos
Analisar tudo à distância
Passar a escrito tormentos.

Escrever sobre alegrias e tristezas
Parar para registar as liberdades do pensamento
Inspirado a qualquer hora do dia
Na agrura e no contentamento.

Brincar com as palavras sem pudor
Utiliza-las nos seus diferentes sentidos
Combinar com empenho e amor.

É expressar ideias livremente
Nas entrelinhas gritos desprendidos
Só é poeta quem sente.

Lisboa
Poema manuscrito,
24 de janeiro de 2019
13h30
***
Ser Poeta

Ser poeta é ser mais alto, é ser maior
Do que os homens! Morder como quem beija!
É ser mendigo e dar como quem seja
Rei do Reino de Aquém e de Além Dor!

É ter de mil desejos o esplendor
E não saber sequer que se deseja!
É ter cá dentro um astro que flameja,
É ter garras e asas de condor!

É ter fome, é ter sede de Infinito!
Por elmo, as manhãs de oiro e cetim…
É condensar o mundo num só grito!

E é amar-te, assim, perdidamente…
É seres alma e sangue e vida em mim
E dizê-lo cantando a toda a gente!

(Florbela Espanca, «Charneca em Flor», in «Poesia Completa»)

***
Being a poet is having broad vision
Understanding events
Analyze everything in the distance
Turn to written torments.

Write about joys and sorrows
Stop to register the freedoms of thought
Inspired at any time of the day
In hardship and contentment.

Playing with words without shame
Use them in your different senses
Combine with commitment and love.

It is expressing ideas freely
Between the lines screams detached
It is only poet who feels.
Lisbon
Handwritten poem,
January 24, 2019
1:30 p.m.

***
To be a poet

To be a poet is to be higher, to be greater
Than men! Bite like who kisses
It is to be a beggar and give as who
King of the Kingdom of Above and Beyond Pain!

It is to have a thousand desires the splendor
And not even know what you want!
It is to have inside a star that flames,
Is to have condor claws and wings!

It is to hunger, to thirst for Infinity!
By the way, the mornings of gold and satin ...
It is to condense the world into one cry!

And it is to love you, thus, hopelessly ...
It is beings soul and blood and life in me
And say it by singing to everyone!

(Florbela Espanca, «Heath in Bloom», in «Complete Poetry»)
 

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