Bem-vindo(a) ao projeto criativo de Cultura, Artes e Letras, Poemas, Quadras, Haikus, Contos e Escritas da autoria da Poetisa Nonô / Welcome to the creative project of Culture, Arts of Poems, Quatrains, Haikus, Short Stories and Writings by the Poetess Nonô (Alter ego de / of: M. ª Leonor Costa)

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quinta-feira, 28 de março de 2019

Catarse das Palavras / Catharsis of Words - Mundo cão / Dog world

Imagem retirada da Internet e manipulada com/ Image taken from the Internet and manipulated with: https://photomania.net/editor
Mundo cão
De língua de fora
Sem fôlego e cansado
Cujo dono ignora.

Selvaticamente atacado
Sem se poder defender
Triste e maltratado
Sempre a sofrer.

Deixado ao abandono
Vagueia perdido
Gira sem rumo
Zangado e combalido.

Ninguém o protege
Da crueldade e ganância
Tudo está às avessas
Vive-se na ignorância.

Comboio (Queluz),
Poema manuscrito,
27 de fevereiro de 2019,
17h17


Dog world
With tongue out
Breathless and tired
Whose owner ignores.

Selvatica attacked
Without being able to defend itself
Sad and ill-treated
Always suffering.

Left to abandon
Wandering lost
Turns aimlessly
Angry and upset.

Nobody protects him
From cruelty and greed
Everything is backwards
We live in ignorance.

Train (Queluz),
Handwritten poem,
February 27, 2019,
5:17 p.m.



quarta-feira, 27 de março de 2019

Amores Platónicos / Platonic loves - Amor de curto prazo / Short-term love

Imagem retirada da Internet e manipulada com/ Image taken from the Internet and manipulated with: https://photomania.net/editor
Amor de curto prazo
Mais curto do que o de um iogurte
Combustão num ápice
Que mal se curte.

À velocidade da luz
Sem tempo para sentar
Intensa paixão
Sem pernas para andar.

Mera ilusão
De uma alma romântica
Quando o nome dado a um sentimento
Torna-se pura semântica.

Comboio (Campolide),
Poema manuscrito,
27 de fevereiro de 2019,
7h44

Short-term love
Shorter than a yogurt
Combustion at a glance
What a bad taste.

At the speed of light
No time to sit
Intense passion
No legs to walk.

Mere illusion
Of a romantic soul
When the name given to a feeling
It becomes pure semantics.

Train (Campolide),
Handwritten poem,
February 27, 2019,
7:44 a.m.

terça-feira, 26 de março de 2019

Infância Renascida / Childhood Reborn - Algures na floresta / Somewhere in the forest

Imagem retirada da Internet / Image taken from the Internet
Algures na floresta
Há um mundo imaginário
De criaturas fantásticas
Num idílico cenário.

Bichinhos falantes
Figuras mitológicas
Plantas mágicas
Outras existências cronológicas.

Para lá do aglomerado de árvores
Da densa florestação
Há uma realidade diferente
Que ultrapassa a imaginação.

É lá que podemos encontrar
A criança que vive dentro de nós
Um mergulho no tempo
Ao som de outra voz.

Um intenso verde
Pelo sol iluminado
Diz-me senão te dá vontade
De descobrir o que está do outro lado?

Comboio (Túnel do Rossio),
Poema manuscrito,
26 de fevereiro de 2019,
7h45

Somewhere in the forest
There is an imaginary world
From fantastic creatures
In an idyllic setting.

Talking Pets
Mythological Figures
Magic plants
Other chronological stocks.

Beyond the clump of trees
From dense afforestation
There is a different reality
That surpasses the imagination.

That's where we can find
The child who lives within us
A dip in time
To the sound of another voice.

An intense green
By the lighted sun
Tell me otherwise you feel like it
To find out what's on the other side?

Train (Rossio Tunnel),
Handwritten poem,
February 26, 2019,
7:45 a.m.



segunda-feira, 25 de março de 2019

Poesias Mundanas / Worldly poetry - Sozinha em casa / Home alone

Imagem retirada da Internet / Image taken from the Internet
Sozinha em casa
Todos os dias do ano
Segura e refugiada
Do pensamento mundano.

Sou dona do meu tempo
Impera a minha vontade
Tudo posso fazer
Gozo de liberdade.

Preencho o silêncio
Com música sempre a passar
Nem ligo a TV
Dá-me espaço para imaginar.

Por minha conta e risco
Torno-me independente
Sei que tudo muda
Assim de repente.

Comboio (Monte Abraão),
Poema manuscrito,
26 de fevereiro de 2019,
7h29

Home alone
Every day of the year
Safe and refugee
Of worldly thought.

I own my time.
It is my will
All I can do
I enjoy freedom.

I fill the silence
With music always passing
I will not even turn on the TV.
Give me space to imagine.

At my own risk
I become independent
I know that everything changes
So suddenly.

Train (Monte Abraão),
Handwritten poem,
February 26, 2019,
7:29 a.m.

domingo, 24 de março de 2019

Haiku, Haikai, 俳句


Imagem retirada da Internet e manipulada com/ Image taken from the Internet and manipulated with: https://photomania.net/editor
rapariga com um cão
Corre pela rua fora.
Gargalhadas estridentes

Comboio (Rio de Mouro)
Haiku manuscrito,
11 de março de 2019
7h22

girl with a dog
Run down the street.
Strident laughter

Train (Rio de Mouro)
Haiku manuscript,
March 11, 2019
7:22 a.m.


sábado, 23 de março de 2019

Quadras/ Quatrains: Ramos robustos / Robust Branches

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Ramos robustos
Aguentaram todo o inverno
Alojam agora os ninhos
Com um abraço terno.

Comboio (Benfica),
Quadra manuscrita,
11 de março de 2019,
7h45

Robust Branches
Have you been through all winter
Now host the nests
With a tender hug.

Train (Benfica),
Quadra manuscript,
March 11, 2019,
7:45 a.m.

sexta-feira, 22 de março de 2019

Diálogo entre poemas / Dialogue between poems: Primavera / Spring - David Mourão-Ferreira

Imagem retirada da Internet / Image taken from the Internet
Renascer na Privavera (Nonô)

O amor morre e nasce
Numa pulsação
Mesmo naqueles que outrora
Quiseram morrer
Para pararem de sofrer
Numa nova aurora,

Nem todos percebem o choro da desilusão
Pranto de indignação
Para voltar a viver
Morrer para renascer
Recompondo a visão
Um novo mundo de ilusão.

Torna-se possível viver sem ti
Perceber que não te perdi
Depois de algum tempo de solidão
Voltar à razão…
Claro que sobrevivi
E me reconstrui.

O hoje não é o que era
Acalmei a minha fera
Numa nova estação
A natureza impera
Tudo se torna bênção
No renascer da primavera.

Sentada à secretária em minha casa
22 de março de2019
1h24


***
Primavera 
David de Jesus Mourão-Ferreira 
(24/02/1927 – 16/06/1996)

Todo o amor que nos
Prendera
como se fora de cera
se quebrava e desfazia
ai funesta primavera
quem me dera, quem nos dera
ter morrido nesse dia

E condenaram-me a tanto
viver comigo meu pranto
viver, viver e sem ti
vivendo sem no entanto
eu me esquecer desse encanto
que nesse dia perdi

Pão duro da solidão
é somente o que nos dão
o que nos dão a comer
que importa que o coração
diga que sim ou que não
se continua a viver

Todo o amor que nos
Prendera
se quebrara e desfizera
em pavor se convertia
ninguém fale em primavera
quem me dera, quem nos dera
ter morrido nesse dia

***
Reborn in the Spring (Nonô)

Love dies and is born
In one heartbeat
Even in those who once
They wanted to die
To stop suffering
At a new dawn,

Not everyone realizes the cry of disillusionment
Weeping of indignation
To return to live
Dying to be reborn
Recomposing the vision
A new world of illusion.

It becomes possible to live without you.
Realize I did not lose you
After some time of solitude
Back to reason ...
Of course I survived
And rebuild me.

Today is not what it was.
I calmed my beast
In a new season
Nature reigns
Everything becomes blessing
In the rebirth of spring.

Sitting at my desk in my house
March 22, 2019
1:24 a.m.
***
Spring
David de Jesus Mourão-Ferreira
(02/24/1927 - 06/16/1996)

All the love that we
will fasten
as if out of wax
it broke and undone
oh how freaky spring
I wish I could
to have died that day.

And they condemned me to so much
live with me, my cry
live and live without you
living without
I forgot that charm
that I lost that day.

Solitude hard bread
it's only what they give us
what they give us to eat
that it matters that the heart
say yes or no
if you continue to live.

All the love that we
Will fasten
it broke and I undid
in dread it became
no one speaks in spring
I wish, who gave us
to have died that day.


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