Para que não haja más interpretações sobre os meus
poemas e sobre aquilo que escrevo, cito hoje um poema de um conterrâneo meu
Fernando Pessoa. Ambos nascemos na freguesia de Mártires, em Lisboa, mas em
épocas diferentes e frequentemente revejo a minha criação poética neste seu
poema.
To avoid
misinterpretations about my poems and about what I write today I quote a poem
of my countryman Fernando Pessoa. We both were born in the parish of Mártires (Martyrs) in Lisbon, but at different times and often I review my poetic
creation in this his poem.
O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.
E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.
Fernando
Pessoa
A minha tradução livre / My free translation:
The poet is a
pretender.
Pretends so completely
That reaches to pretend
it's pain
The pain that he really
feels.
And those who read
what he writes,
In reading pain feel
good,
Not the two he had,
But that which they
have not.
And so the wheel rails
Rotate, to entertain
the reason,
This rope train
Called heart.