Bem-vindo(a) ao projeto criativo de Cultura, Artes e Letras, Poemas, Quadras, Haikus, Contos e Escritas da autoria da Poetisa Nonô / Welcome to the creative project of Culture, Arts of Poems, Quatrains, Haikus, Short Stories and Writings by the Poetess Nonô (Alter ego de / of: M. ª Leonor Costa)

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sábado, 14 de novembro de 2015

Autopsicografia / Autopsychography

Para que não haja más interpretações sobre os meus poemas e sobre aquilo que escrevo, cito hoje um poema de um conterrâneo meu Fernando Pessoa. Ambos nascemos na freguesia de Mártires, em Lisboa, mas em épocas diferentes e frequentemente revejo a minha criação poética neste seu poema.

To avoid misinterpretations about my poems and about what I write today I quote a poem of my countryman Fernando Pessoa. We both were born in the parish of Mártires (Martyrs) in Lisbon, but at different times and often I review my poetic creation in this his poem.

O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.
E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.
Fernando Pessoa

A minha tradução livre / My free translation:

The poet is a pretender.
Pretends so completely
That reaches to pretend it's pain
The pain that he really feels.
And those who read what he writes,
In reading pain feel good,
Not the two he had,
But that which they have not.
And so the wheel rails
Rotate, to entertain the reason,
This rope train
Called heart.
 Nonô Poetry

sexta-feira, 13 de novembro de 2015

Catarse das Palavras / Catharsis of Words - Podes vestir a tua melhor roupa / You can wear your best clothes

Podes vestir a tua melhor roupa
Podes vestir a tua melhor roupa
E bem te podes arranjar
Cobrir o rosto de maquilhagem
Para a tua dor tentares disfarçar.

Por fora tudo podes fazer,
Mas é por dentro que precisas mudar
Não te adianta alterar a cor do cabelo
Se manténs a mesma forma de pensar.

Sentada à mesa na cozinha, escrito à mão,
21 de outubro de 2015, 7h42
In Costa, M.ª Leonor. Catarse das Palavras. Vol. I
Catharsis of Words

You can wear your best clothes
You can wear your best clothes
And you can get yourself well
Cover your face with makeup
For your pain you try to disguise.

Outside you can try everything,
But it's inside that you need to change
There's no use changing hair color

If you keep the same way of thinking.

Sitting at the table in the kitchen, Handwritten,
on October 21, 2015, 7:42 a.m.
In Costa, M.ª Leonor. Catharsis of Words. Vol. I
Nonô Poetry

quinta-feira, 12 de novembro de 2015

Catarse das Palavras / Catharsis of Words - Sem hora marcada / Without scheduled time

Sem hora marcada
Tenho hora marcada para acordar,
Para tomar banho e me arranjar
Para comer e sair de casa
Para os transportes e para trabalhar.

Não tenho hora marcada para a casa regressar
Já não tenho pressa, para ti eu não vou cozinhar
Não tenho à minha espera roupa para lavar e passar
Não tenho de estar disponível para o amor, nem para conversar.

Todo o tempo livre que me sobra
É meu e só meu para aproveitar
Faço tudo o que me dá prazer
Sem hora marcada para chegar.
Sentada na minha cama, escrito à mão,
21 de outubro de 2015, 7h20
In Costa, M.ª Leonor. Catarse das Palavras. Vol. I
Catharsis of Words
Without scheduled time
I have an appointment to wake up,
To shower and set me up
To eat and leave home
For transports and work.

I don’t have time scheduled to return home
I have no hurry, for you I will not cook
I don’t have clothes waiting for me to washing and ironing
I don’t have to be available for love, not for talk.

All the free time that remains me
It is mine and mine alone to enjoy
I do whatever gives me pleasure
Without scheduled time to arrive.
Sitting on my bed, Handwritten,
on October 21, 2015, 7:20 a.m.
In Costa, M.ª Leonor. Catharsis of Words. Vol. I
Nonô Poems

quarta-feira, 11 de novembro de 2015

Amores Platónicos / Platonic Loves - O bom filho a casa torna / The good son returns home

O bom filho a casa torna
O bom filho a casa torna,
À sua zona de conforto
Depois de uma relação se tornar morna
E tudo dar para o torto.

Um regresso anunciado
Que não foi evitado
Um momento delicado
Para quem não foi devidamente cortejado.

Um retorno feliz
Uma oportunidade de renovar
Como um aprendiz
Que reaprende a sonhar.

Sentada à secretária no meu quarto, escrito à mão,
20 de outubro de 2015, 23h46
In Costa, M.ª Leonor. Amores Platónicos. Vol. I
Platonic Loves
The good son returns home
The good son returns home,
To his comfort zone
After a relation becoming lukewarm
And all give awry.

An announced return
That was not prevented
A delicate moment
For whom it was not properly courted.

A happy return
A chance to renew
As an apprentice
That relearns dreaming.

Sitting at the desk in my room, Handwritten,
on October 20, 2015, 11:46 p.m.
In Costa, M.ª Leonor. Platonic Loves. Vol. I
Nonô Poetry

terça-feira, 10 de novembro de 2015

Amores Platónicos / Platonic Loves - Incomunicável / Incommunicable

Incomunicável 
Não me telefones,
Pois o telefone não vai tocar.
Esquece o meu número,
Eu também não te vou ligar.

Não me procures
Esquece o local onde moro
Não chores por mim
Eu por ti não choro.

Desapareci
Tornei-me indomável
De ti esqueci
Estou incomunicável.

Sentada à secretária no meu quarto, escrito à mão,
20 de outubro de 2015, 23h33
In Costa, M.ª Leonor. Amores Platónicos. Vol. I
Platonic Loves
Incommunicable
Don’t call me,

As the phone will not ring.
Forget my number,
I also will not call you.

Don’t look for me
Forget the place where I live
Do not cry for me
I will not cry for you.

I disappeared
I became indomitable
I forget thee
I'm incommunicable.
Sitting at the desk in my room, Handwritten,
on October 20, 2015, 11:33 p.m.,
In Costa, M.ª Leonor. Platonic Loves. Vol. I
 Nonô Poetry

segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Catarse das Palavras / Catharsis of Words - Reencontrei hoje o meu passado / I found my past today

Reencontrei hoje o meu passado
Reencontrei hoje o meu passado
Sentindo um misto de emoções
Ainda não nos tínhamos cruzado
Nestas últimas convulsões.

Desejei-lhe boa sorte
E o prazer de a rever
Por fora permaneci forte
Mas por dentro senti estremecer.

Dei de caras com ele
Não tive como fugir
Fiquei com formigueiro na pele
E depois tive de refletir.

Reencontrei hoje o meu passado
Alegre e bem-disposto
Ele vinha todo arrumado
E deu-me dois beijos no rosto.

Sentada no meu carro à porta de casa, escrito à mão,
20 de outubro de 2015, 18h52
In Costa, M.ª Leonor. Catarse das Palavras. Vol. I
Catharsis of Words
I found my past today
I found my past today
Feeling a mixed of emotions
We had not yet crossed
In these last convulsions.

I wished him good luck
And the pleasure of reviewing
On the outside I remained strong
But inside I felt shudder.

I stumbled upon it
I had no escape
I got tingling skin
And then I had to reflect.

I found my past today
Happy and cheerful
He came all dressed up
And he gave me two kisses on the cheek.

Sitting in my car at the doorstep, Handwritten,
on October 20, 2015, 6:52 pm,
In Costa, M.ª Leonor. Catharsis of Words. Vol. I
 Nonô Poetry

domingo, 8 de novembro de 2015

Catarse das Palavras / Catharsis of Words - A vida é um palco / Life is a stage

A vida é um palco
A vida é um palco
Estamos em constante representação.
As fases são peças de teatro
Com ou sem encenação.

Somos todos personagens
Em plena ação
Interagimos nas nossas passagens
Com ou sem emoção.

Em diversos cenários
Assumimos uma interpretação
Abrimos armários
Procurando uma razão.

A vida é um palco
Expõe-nos à multidão
Dela ninguém sai vivo
Esta é a única certeza desta reflexão.

Sentada no meu carro à porta de casa, escrito à mão,
20 de outubro de 2015, 18h44
In Costa, M.ª Leonor. Catarse das Palavras. Vol. I
Catharsis of Words
Life is a stage
Life is a stage
We are in constant representation.
The phases are theater plays
With or without staging.

We are all characters
In full action
We interact in our passage
With or without emotion.

In various scenarios
We assume an interpretation
We open cabinets
Looking for a reason.

Life is a stage
Exposes us to the crowd
No one gets out of it alive
This is the only certainty of this reflection.

I am sitting in my car at the doorstep, Handwritten,
on October 20, 2015,
In Costa, M.ª Leonor. Catharsis of Words. Vol. I
Nonô Poetry

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